Festival Literário da Madeira: Mesa 5

Depois de anunciada a ausência de Francisco José Viegas (que enviou um texto, lido pela organização), a mesa 5 junta Graça Alves, José Mário Silva e Karla Suárez, moderados por Francisco Fernandes, para uma conversa à volta do tema “Éramos originais e não sabíamos: Como andamos a escrever o mesmo que os clássicos”.

Graça Alves opõe a ‘angústia da influência’, de Harold Bloom, à oportunidade de influência, para constatar que andamos todos a escrever sobre os mesmos temas desde sempre e defender que a grande vantagem de aceder aos clássicos é a possibilidade de percebermos isso mesmo, colocando a fasquia do desafio sempre um pouco mais alta.
José Mário Silva não discorda e afirma que só nos achamos realmente originais quando não conhecemos, ou fingimos não conhecer, aquilo que outros escreveram antes de nós. E cita o Perder Teorias, de Enrique Vila-Matas (Teodolito), onde se refere isso mesmo: só há, no mundo, meia dúzia de tramas possíveis. O difícil é fazer algo sublime com elas. A fechar, de certo modo em diálogo com Afonso Cruz e a sua participação na mesa desta manhã, sugere a leitura de Reality Hunger: A Manifesto, ensaio do norte-americano David Shields (Alfred A. Knopf), que se debruça sobre este mesmo tema.
Karla Suárez aproveita o conceito de originalidade para justificar a sua mistura de português, castelhano e italiano (o resultado é realmente original, mas nada difícil de entender). E partilha com a audiência a sua experiência de infância e o momento em que descobriu que as histórias que gostava de escrever eram, depois de ter começado a ler Cortázar, uma tentativa inconsciente e frustrada de o copiar.

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