Casa de José Saramago abre em Lanzarote

A partir de hoje, a casa onde José Saramago viveu parte da sua vida, em Lanzarote, abre as portas ao público. De segunda a sábado, entre as 10h e as 14h, pode visitar-se a Casa e a Biblioteca, com a companhia de guias devidamente conhecedores dos objectos, dos móveis, das imagens, de tudo o que compõe uma casa onde se vive e trabalha. Na Biblioteca, a loja da Casa terá à venda livros de José Saramago em várias línguas, com excepção do castelhano… é que ali perto, em Tías, a única livraria local seria gravemente prejudicada, pelo que que quem quiser comprar as edições de Saramago na língua de Cervantes pode fazê-lo na livraria Libertad.

E porquê destacar e insistir neste pormenor, que vi na notícia da Lusa, na notícia sobre a abertura da Casa José Saramago? Porque há pormenores que são todo um programa. Manter o equilíbrio entre os diferentes agentes culturais de um determinado espaço, não açambarcar as vendas de livros como se de uma competição se tratasse, oferecer serviços complementares e em diálogo com o que já existe em vez de dominar são gestos que podiam mudar um bocadinho o panorama editorial na sua relação com o mercado. É certo que a referência aos livros em castelhano não é o essencial da notícia, mas como isto não é um jornal e como me permito certos arroubos afectivos quando as coisas assim o exigem, tenho para mim que se algum dia for a Lanzarote para ver a Casa que hoje abre as portas, quererei visitar a Libertad, e o melhor é que não vou precisar de dizer, na loja da Casa de José Saramago, ‘este livro não compro aqui porque prefiro ir comprar ali à livraria’, como às vezes me acontece em grandes superfícies. O mais certo é que na loja da Casa me recomendem a Libertad, e na Libertad me recomendem a loja da Casa.

1 comments

  1. Uma ideia interessante para comparar com as datas da feira do livro e os descontos desenfreados em livros recentes – relação editores/livreiros e equilíbrio entre os seus espaços no mercado.

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