Tradutores da Leya denunciam pagamentos em atraso

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As denúncias já andavam pelo Facebook, mas finalmente houve um órgão de comunicação social a pegar nelas e a trabalhá-las com os instrumentos que o jornalismo exige: duas tradutoras da Leya denunciam o atraso nos pagamentos do seu trabalho, um outro tradutor explica que deixou de ser contactado para mais trabalhos de tradução depois de ter feito pressão sobre o grupo para que lhe pagassem os trabalhos em atraso e a fonte da Leya contactada pelos jornalistas não comenta (e também não desmente). Aqui fica a peça publicada hoje no Diário Digital, a partir de informações da Lusa:

Duas tradutoras portuguesas acusaram hoje o grupo editorial Leya de atrasos nos pagamentos por traduções efetuadas em julho e agosto de obras que estão atualmente entre as mais vendidas em Portugal.

Leonor Marques, que já traduziu cerca de 30 obras para aquela editora, disse à agência Lusa que o grupo editorial está em falta com o pagamento de cerca de dois mil euros de uma tradução efetuada em agosto.

«O recibo perfaz 120 dias no dia 27-28 de dezembro, mas como já me disseram que o pagamento só iria ser efetuado em janeiro, o prazo será ultrapassado», disse, indignando-se com o facto dos pagamentos se referirem ao trabalho de tradução de dois volumes de uma trilogia de sucesso da escritora britânica E.L. James, que está na tabela dos livros mais vendidos em Portugal.

Tal como Leonor Marques, também a tradutora Mariana Avelãs acusa a Leya de atrasos sucessivos nos pagamentos a obras que traduziu, situação que diz estar a acontecer a outros trabalhadores com quem têm sido feitos contratos pontuais para traduções.

«Como é possível que um grupo desta dimensão não cumpra e não pague. A crise é apenas um pretexto, porque nós também estamos em dificuldades», disse Mariana Avelãs à agência Lusa, lamentando que o grupo editorial não cumpra os prazos de pagamentos e atribua um prémio literário [Prémio Leya] no valor de 100 mil euros.

Já em maio um grupo de tradutores tinha denunciado atrasos ou alargamento das datas de pagamentos para 90 dias após entrega dos trabalhos de tradução, mas a situação acabou por ser regularizada.

Pedro Garcia Rosado foi um dos tradutores que na altura denunciou o caso de incumprimento de prazos e desde então, explicou à Lusa, nunca mais lhe foi feita qualquer proposta de tradução.

«Na qualidade de tradutor não tenho, neste momento, nenhuma razão de queixa contra a Leya no que se refere a atrasos de pagamentos a tradutores. Infelizmente não me foi feita mais nenhuma proposta de tradução desde que na primavera deste ano eu e outras pessoas fizemos coletivamente pressão sobre a direção financeira para que fossem ultrapassadas as dificuldades de prazos e de comunicação então existentes», referiu.

Contactada pela agência Lusa, fonte do grupo editorial não quis fazer qualquer comentário sobre este incumprimento.

A Leya é um dos maiores grupos editoriais portugueses, agrupando várias editoras, nomeadamente a Editorial Caminho, Asa, D. Quixote, Lua de Papel, Gailivro ou Teorema.

Diário Digital com Lusa

5 comments

  1. Há muito que a profissão de tradutor, sobretudo literário, deveria estar regulamentada, para impedir esta exploração por parte das editoras, quem diz Leya, diz Civilização, Europa-América, etc… A prática é sempre a mesma em todas, exploração e prazos de 60, 90 e 120 dias de pagamento, que nunca são cumpridos. Quem pode aceitar trabalhar nestas condições? É suposto os tradutores sobreviverem de quê? Qualidade? Como se pode exigir qualidade nestas condições? Os que insistem em continuar a trabalhar e o fazem com qualidade é praticamente por amor à literatura e ao trabalho… à camisola… Há tantas áreas alvo de regulamentação, porque não se fazem inspecções nesta categoria profissional????

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