Puta Que os Pariu! – A Biografia de Luiz Pacheco

João Pedro George
 Puta Que os Pariu! - A Biografia de Luiz Pacheco
 Tinta da China

Fazia falta uma biografia de Luiz Pacheco. Não em jeito de homenagem pós-morte, mas sobretudo porque Pacheco foi figura essencial em muitas frentes, da literatura à edição, passando pela crítica literária e pela inevitável polémica que lhe deu fama fora do círculo dos leitores atentos.

Sem ceder ao caminho fácil dos episódios anedóticos – e Pacheco tem um rol infinito deles – João Pedro George apresenta um trabalho meticuloso, claro e aprazível no modo de escrever e muito funcional no que toca à consulta dos factos. A descrição da infância entre Lisboa e as Caldas da Rainha, o processo da escrita, que começou cedo e se tornou visceral, a editora Contraponto, à margem da edição convencional e responsável por algumas pérolas hoje raras, a doença e a velhice convivendo com o trato tempestuoso e os rasgos de genialidade, tudo nesta biografia surge com o necessário rigor documental, o devido suporte das fontes e a reflexão sobre os passos do biografado a partir do que se conhece da sua vida. Não estamos perante uma mera sequencialização cronológica da vida de Pacheco, suportada pelos testemunhos e os documentos que a atestam, mas antes perante um estudo dedicado da sua vida e obra, cruzando os factos com o que deles se pode inferir.

Desmentindo o mito de que só os britânicos sabem fazer biografias, Puta Que os Pariu! é tão monumental que até se perdoa ao autor a ousadia de assumir no subtítulo que esta é ‘a’ biografia de Luiz Pacheco. A verdade é que talvez não faça falta mais nenhuma.

Sara Figueiredo Costa
(publicado na Time Out, nº220, Dez. 2011)

1 comments

  1. Ao contrário do que disse, a leitura é fastidiosa e, por vezes impossível. E isso acontece não porque o autor não saiba escrever, mas porque recorreu ao método preguiçoso das constantes citações integradas no texto e às também recorrentes inserções de informação dentro de travessões. Não é preciso justificar cada detalhe com uma prova, para isso há a nossa confiança no autor e as notas de final de capítulo.

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